domingo, dezembro 14, 2008

Falar para quem não quer ouvir

Arquitetura, Turismo e Educação Ambiental - Nós que estamos preocupados com as mudanças climáticas e com a crescente pressão sobre os recursos naturais ficamos animados quando encontramos em um evento sobre meio ambiente um auditório repleto, cientistas apresentando resultados de suas pesquisas e razoável cobertura da mídia. Correto? Talvez não seja bem assim...

Pense bem: quem mais precisava estar ouvindo o que se diz num evento como, por exemplo, um congresso de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), ou um seminário sobre a Mata Atlântica é justamente quem não quer ouvir, é quem não vai estar ali... São os milhões de pessoas que, enquanto se debatem estratégias para reduzir o desmatamento ou a quantidade de lixo jogada nos lixões, continuam a consumir de forma insustentável, utilizar no dia-a-dia materiais e combustíveis que de alguma forma contribuem para o aquecimento global, jogar nas lixeiras o que seria a matéria prima de muitos produtos... Estes, sim, devem ser alcançados pelas estratégias. Nós não precisamos convencer quem já se convenceu... Precisamos falar para quem não quer ouvir.

Como não podemos exigir que nos ouçam, uma eficiente estratégia tem sido promover a conscientização através da exposição a possibilidades reais de mudanças de hábitos, práticas e costumes. É o merchandising socioambiental. Um excelente exemplo é a arquitetura bioclimática, ou aquela que utiliza técnicas construtivas que respeitam o clima, a cultura e as condições locais. As construções podem ser mais econômicas, agradáveis e atraentes. Até mesmo céticos defensores do desenvolvimento-a-qualquer-custo, surpreendem-se com suas soluções construtivas e a qualidade dos ambientes.

É o caso dos chalés que Stanley Selengut projetou para hospedagem nas Ilhas Virgens que foram edificados utilizando técnicas sustentáveis (ventilação natural, painéis solares, materiais locais, recicláveis...); passarelas suspensas que protegeram a vegetação e evitaram erosão durante a construção continuaram servindo os hóspedes de forma que, após vinte e cinco anos, o hábitat para plantas e animais é, ainda, mais sadio. Maho Bay mantém uma das mais altas taxas de ocupação do Caribe. Seus hóspedes foram percebendo, pela experimentação, que há maneiras mais simples de construir e viver, sem perder conforto e, claro, reduzindo o impacto negativo sobre recursos naturais. Transformaram-se em multiplicadores. No Brasil, há inúmeros bons modelos de ecopousadas, prestando um serviço silencioso de merchandising e educação socioambiental. Pesquise, conheça, divulgue, prestigie. A Natureza agradece...

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