...Mas tenho a impressão de eu poderia ter escrito pelo menos parte deste livro.
O Ciclo da Auto-sabotagem, de S. Rosner e P.Hermes, mereceu uma sinopse interessante no jornal A Tarde deste domingo. Fala de um ciclo repetitivo comum a muitas pessoas e que, se tomamos consciência dele, podemos iniciar um processo de "libertação". O autor fala do risco de tornar-se "refém de si próprio". Teríamos medo de abandonar uma forma já conhecida de agir, mesmo que não nos traga, efetivamente, felicidade. Seria como se, pelo fato de sabermos o que vai acontecer, ficássemos mais seguros. Sim, medo do novo, do desconhecido. Medo de piorar o que já pode ser, razoavelmente, ruim. Suportavelmente ruim...
Cita exemplos de homens que escolhem sistematicamente mulheres com personalidades semelhantes e que nunca os satisfazem. Ou aqueles que reclamam não serem reconhecidos por seus chefes e fazem o mesmo com seus próprios subordinados.
No meu modo de interpretar, isto soa como a repetição de um script assimilado em tempos distantes, na primeira infância. Seria lá que teria se formado a nossa "forma de ver o mundo", ou nossa "forma de agir". Repetimos o enredo e trocamos os atores. Muitas vezes nem somos o personagem principal, somos meros coadjuvantes de nossa vida.
Este é um discurso que tenho utilizado com frequência. Principalmente ao tentar criar pactos para a recriação de novas pessoas, em especial aquelas que desejam adquirir novos hábitos -alimentação, exercícios, relacionamentos- e sentem-se impotentes para isso.
E todos me perguntam como conseguir algo tão difícil. Minha resposta é sempre a mesma. O primeiro passo, sugiro, é abrir as portas para a mudança. O segundo passo é aceitar que fomos sendo influenciados por todos -sim, todos- os fatos que aconteceram em nossa vida. Em seguida, propor-se a aceitar as mudanças que porventura acontecerem, independentemente de gostarmos delas ou não. E, sempre considerando que hoje já não somos mais aquela criança emocionalmente tão vulnerável e que podemos reconstruir nossa maneira de lidar com problemas e situações cotidianas. E, finalmente, estarmos abertos a perceber cada emoção -boa ou ruim- provocada pelos acontecimentos cotidianos.
Quais são as atitudes que você tem repetido sistematicamente? Estas atitudes têm provocado insatisfação, incômodo, frustração? Quem sabe não é hora de enfrentar este verdadeiro ciclo de auto-sabotagem?