sexta-feira, maio 01, 2009

Essência do espírito masculino


Os livros de Jean Sasson "Princesa Sultana","Princesa" e "As filhas da princesa" retratam a dura realidade das mulheres no universo muçulmano tradicional. No caso, a família real da Arábia Saudita. Contados como relatos proibidos, chegam a nossa consciência como um míssil. Derrubam qualquer eventual orgulho de ser "masculino" numa raça -a humana- em que homens são induzidos a pensar que são superiores às mulheres e as oprimem, humilham, descartam, mutilam...

Para nosso falso alívio, pensamos:

- Ora, a cultura deles é assim! Estão acostumados há milênios!

Não. Não me alivia pensar assim! Mesmo em nossa "evoluída" cultura ocidental observamos vestígios deste absurdo e potencial instinto masculino. Conhecemos o sorriso de um pai que acaba de saber que terá um filho homem. Estupros de meninas por seus pais são sistematicamente desconsiderados pela elite intelectual -a não ser aqueles praticados por senhores suíços insuspeitos-. Filhos são recebidos como força braçal em famílias da roça e a filhas são esperança de um casamento com um rapaz mais rico -são, na prática, como no mundo árabe, vendidas pelo melhor lance-. Rapazes "pegadores" são motivo de orgulho. As meninas? Apedrejadas em praça pública por comentários, olhares, discriminação... E mais, muito mais...

Respeito, democracia, igualdade são alguns conceitos modernos ainda não universalizados. Temos, no entanto, direito de intervir? Os europeus tinham direito de iludir indígenas com miçangas e espelhos e, depois, impor sua "cultura" e sua religião? Os contatos inevitáveis entre os povos -e suas culturas- não criará uma raça humana padronizada e sem identidade? Como respeitar a cultura e, ao mesmo tempo conviver?

Quaisquer respostas não vão aliviar minha atual e momentânea vergonha de ser homem, de ser humano...