segunda-feira, junho 01, 2009

POLÍTICA (por favor, talvez seja bom ler, eu sei que o assunto é...)

Dois artigos no Estadão deste domingo expressam com excepcional clareza o estado das coisas em política no Brasil. Política? Sim, somos, queiramos ou não, seres políticos. Não se ofenda, eu sei que você não tem um castelo e que, também, saberia na hora se depositassem milhares de reais na sua conta. Mas política se faz, na verdade, o tempo todo. Você sorri para a caixa da padaria? Não? De qualquer forma, sorrindo ou não, isso é política. O tempo todo estamos negociando, oferecendo, recebendo, solicitando, negando, comandando, sendo comandados...

Mas, os artigos. Boris Fausto, dentre outras coisas afirma que tratamos (eu, você, ele próprio...) o tema de política com certo desprezo. Especialmente essa política, a partidária, a brasileira... Ele diz que não é por ser um assunto irrelevante e, sim, porque cansamos de ver os mesmos velhos problemas e nunca resolvidos. Mas, como eu já disse aqui, ele escreve:

“Não se trata de sonhar com a formação de uma ampla opinião pública em que cada eleitor tenha plena consciência das regras do regime democrático e de seu papel como cidadão. Mas não há dúvida de que é muito difícil atrair um eleitorado decepcionado ao exercício de cidadania, dados os níveis de educação...”.

Ele fala do “caráter trangressor” da cultura política nacional. Leves transgressões são motivo de renúncia, no Reino Unido, ou suicídio, na Coréia do Sul. Aqui, diz o historiador, políticos estão “convencidos da legitimidade de procedimentos irregulares”. Passagens aéreas para parentes são uma garantia da estabilidade familiar? Pois não foi uma pesquisa que comprovou que, ao mesmo tempo em que a população condena a corrupção, afirma que faria do mesmo jeito se estivesse no poder?! Estariam apenas esperando a hora de morder o osso...

O outro artigo é de Daniel Piza. Usa de ironia e diz que “talvez os cidadãos devessem receber um auxílio-escândalo ou um adicional de insalubridade para, aí, sim, sair da anestesia moral e ir às ruas protestar”. Cita exemplos do absurdo momento de nosso país: “Renan Calheiros e Fernando Collor comandam a CPI da Petrobras”. Segundo Piza, são antigos inimigos, dispensam comentários e são, agora, a “tropa de choque” parlamentar do PT! Fala, também, do fato do “Senador Sarney receber auxílio-moradia” e dizer “eu não sabia” e todos aceitarem...

Sim, são exemplos. Historiadores, escritores, estão nos ajudando a interpretar nossa realidade. O que está acontecendo, na verdade? O que tudo isso significa? Qual deve ser nossa posição? O que podemos fazer?

Para mim, para reagir, estar informado é um passo importante. Ler, ler, ler. Eis minha pequena contribuição. Acho que você acabou de ler!

Do fundo do baú...

Cartaz da época da exposição na FAU USP dos registros da viagem: fotos e desenhos das crianças. Há 30 anos!...