terça-feira, dezembro 16, 2008


Desacelerar

Desacelerar é estratégico.
Pode ser a preparação para uma nova fase de aceleração, como pode ser o encontro tão desejado com o equilíbrio.
Tenho planejado a desaceleração deste momento há 20 anos e... chegou a hora!
Tudo colabora.
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Você pode pensar em "momentos de desaceleração": alguns minutos durante seu dia, alguns dias (ou meses) em seu ano, não importa. Importante é reconhecer quando desacelerar!

CASAS ECOLÓGICAS

Entrevista publicada originalmente na revista Aquecimento Global, edição 01, 2007

Quando a arquitetura está a serviço do meio ambiente
Por Claudio Blanc

O incrível ritmo do crescimento econômico e populacional do planeta determina a construção de cada vez mais casas e instalações. E o material utilizado para er­guer os novos prédios consome recursos naturais que já não estão tão disponíveis. Florestas são derrubadas para se obter madei­ra; cimento é fabricado a um alto custo ambiental; a produção de tintas envenena a atmosfera e ocorrem mais um sem-número de ações com conseqüências ne­gativas para a saúde da Terra. Sentindo a necessidade de buscar novos materiais e reciclar outros, alguns profissionais estão desenvolvendo uma nova arquitetura ecológica ou sustentável.

O arquiteto Frederico Cos­tacurta, consultor do Progra­ma de Certificação em Turismo Sustentável (PCTS) do Estado da Bahia, vem desenvolvendo e trabalhando o conceito de ar­quitetura ecológica. Costacurta, que foi o coordenador da elabo­ração do plano diretor de Ilhéus, é gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) Lagoa Encantada e Rio Almada, do Governo do Estado da Bahia.


Costacurta analisa a arquite­tura das pousadas sob o ponto de vista das questões sócio-am­bientais. Para ele, "é fundamen­tal que a arquitetura das pou­sadas certificadas pelo PCTS tenha um caráter ecológico ou sustentável". Conversamos com o gestor sobre a arquitetura eco­lógica, conta.

Aquecimento global: O que é turismo sustentável?
Frederico Costacurta: E uma expressão que está substi­tuindo "ecoturismo". Existe um Conselho Brasileiro de Turis­mo sustentável, que definiu os "Princípios do Turismo Susten­tável", que você pode conferir no www.pcts.org.br. O PCTS é coordenado pelo Instituto de Hospitalidade e os consultores (como eu) são contratados para implementar os programas nos destinos e nas pousadas. A idéia é que seja uma atividade que se preocupe com as três dimen­sões: econômica, ambiental e sócio-cultural.

AG: O que é "arquitetura ecológica ou sustentável"?
FC: Existem várias denominações para a arquitetura amiga das questões sócio-ambientais: bioclimática, ecológica, susten­tável... Na verdade, elas refle­tem a preocupação do arquiteto com a adaptação ao local, desde o clima até as condições cul­turais e materiais disponíveis. Não estamos falando apenas das questões estéticas, que é como o grande público vê a arquitetu­ra, mas, também, em relação à função do ambiente, seja para moradia, lazer ou descanso, por exemplo. Existem vários equipamentos e soluções que podem privile­giar essas ques­tões e se refle­tem nas decisões de arquitetura: materiais que possuem um pro­cesso de produção ou coleta que demanda o mínimo de energia ou água; que não incluem quei­mas nos processos; que podem ser reciclados; que não produ­zem resíduos em excesso... Des­cargas sanitárias que utilizam o mínimo de água, apenas o sufi­ciente... Aberturas localizadas estrategicamente, de forma a reduzir a necessidade de ventila­ção, iluminação ou climatização artificial; e assim por diante.

AG: Como é avaliada a arquitetura voltada para questões sócio-ambientais?
FC: Criei uma matriz pon­derada de avaliação sócio-ambiental da arquitetura. Ela quantifica a preocupação do empreendedor com diversas variáveis, como água, energia, resíduos (sólidos e líqüidos), aspectos culturais (estilo, cores, volumetria...) e aspectos sociais (geração de empregos, respeito a comunidades locais...). Cada construção recebe pontos a partir de algumas perguntas. Esses pontos foram ponderados a partir da opinião de alguns técnicos nacionais e estrangeiros, para permitir que as questões mais relevantes pesassem mais nas avaliações.

AG: O senhor certifica pousadas que usam eucalipto na construção. O eucalipto não é um material condenado pelos ambientalistas?
FC: A pesar de ser polêmico o eucalipto, porque há acusações de que podem estar derrubando matas nativas para seu plantio, sua utilização pode ser favorável porque é fruto de reflorestamento, e não de espécies nobres de florestas nativas.

AG: Que materiais são recomendados numa construção ecológica?
FC: Há, por exemplo, o tijolo ecológico, feito com argila, cimento e sem queima: ele cura ao relento por cerca de 30 dias, evitando o uso de carvão, muitas vezes feito de madeira das florestas nos fornos. A questão da água também é importante. As cisternas para água de chuva são bem comuns no Nordeste e no semi-árido. Mas já há leis em cidades grandes que exigem que se construam caixas d'água para armazenar água de chuva e para ser utilizada após tratamento. Já há, também, empresas que fabricam equipamentos simples que coam, tratam e filtram essa água antes de armazená-la e utilizá-la. Apesar de leigos dizerem que o total de água natureza é sempre o mesmo, e é verdade, o que vai reduzindo é o volume de água aproveitável para as atividades e o consumo humanos. Sem falar que, com a impermeabilização do solo urbano, há a concentração de água durante as chuvas e as enchentes decorrentes. Captar essa água, ou parte dela, também reduz o risco de enchentes.