Desde os tempos da FAU -e olha que lá se vão quase 30 anos!- fala-se sobre o direito que qualquer um teria de construir uma casa, um edifício, um imóvel qualquer, de qualidade estética, digamos, "inferior".
Você não pode fechar os olhos ao passar por uma construção feia. Você -e seus olhos- são invadidos pelo mau gosto. Uma fachada esquisita, uma combinação de cores infeliz, materiais feios, acabamento incompleto...
Não falo do kitsch, um respeitado estilo retrô, que considera arte a manifestação autêntica popular, como os célebres anões de jardim, azulejos na fachada e o pinguim sobre a geladeira.
Falo, sim, do simples mau gosto.
Ok, concordo... O que é, então, mau gosto? Para mim e para você? Para meu vizinho e para quem mora na periferia?... E até que ponto alguém pode definir o que é correto e o que não é, do estrito ponto de vista estético? Este é o debate, e, mais uma vez pode ser aquela situação em que técnicos, com sua experiência e conhecimento, devem interferir no que é coletivo. Já não definem recuos, gabaritos, coeficientes de aproveitamento? E mais: há praticamente consenso em questões básicas.
Veja a foto. Morro de Pernambuco, Ilhéus, Bahia. Um monumento natural para o qual existe uma lei que limita intervenções que alterem seu visual -intervenção de técnicos. Uma casa amarela "grita", assim como uma caixa d'água suspensa, azul...
Em nossas consultorias para o PCTS -Programa de Certificação em Turismo Sustentável- era raro não encontrar uma pousada com uma caixa d'água elevada, azul e contrastante. Sugestão inevitável:
-Pinte a caixa de verde, faça uma "cortina" com palhas de bananeiras e refaça-a a cada 2 ou 3 meses. É simples!
Todos acatavam e ficavam satisfeitos. No caso da pousada havia um interesse comercial. Hóspedes sentiam-se mais integrados com a natureza. Mas, em meio urbano? Haveria direito do poder público para intervir? No caso do Morro de Pernambuco, não parece óbvio que deveria haver tal intervenção?
Em nossas participações em elaboração de planos diretores municipais reforçamos a importância dos Conselhos da Cidade, formados por representantes do poder público e da sociedade civil. Este Conselho haveria de decidir e intervir em situações como as descritas, mas há uma condicionante vital: todos devem estar devidamente informados e capacitados para exercerem seu "poder", esse mesmo que tanto seduz e desvirtua boas intenções...
domingo, setembro 13, 2009
Tonus premiada
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