sábado, julho 04, 2009

Pensamento em longo prazo?

Já há bastante tempo recorro a exemplos para tentar motivar obesos, diabéticos, hipertensos a adotar hábitos renovados para seus dia-a-dias. Um dos mais eficientes funciona assim:

-O que vocês adoram comer? Uma torta de chocolate? Uma lasanha? Então imaginem que aqui no centro há uma suculenta lasanha. Quentinha, borbulhando... E eu digo para vocês que podem comer à vontade. Quanto quiserem. Sem medo. E digo que não vão engordar, nem prejudicar sua saúde com isso. Bom, não é?

Todos salivam e respondem afirmamente como uma coreografia de cabeças.

-Mas, esperem um pouco. Tem uma condição. O sabor. Ela vai estar deliciosa, a melhor que já experimentaram. Mas o sabor, este vocês apenas vão sentir daqui a um mês. Sim, trinta dias. Mas eu garanto, vão sentir o melhor dos sabores. Daqui a trinta dias.

Desânimo geral. Quebrei a magia. Aí, inverto o raciocínio:

-Imaginem agora que estão fazendo exercícios. Uma caminhada na esteira. Simples, não é? Pensem que após alguns minutos vocês começam a reduzir seu peso. Logo passam a sentir-se melhor, animados, com mais fôlego e disposição. Antes de descer da esteira, vocês percebem a musculatura mais rígida. Olham-se no espelho e já estão mais bonitos, elegantes, atraentes... Verificam a pressão arterial e ela está estabilizada. Já podem deixar imediatamente de tomar os remédios. Alguns minutos de caminhada e tudo isso acontece.

Quase todos se mexem nas cadeiras como se quisessem iniciar seus exercícios antes de terminar nossa conversa. Eu, então, finalizo:

-O problema é que acontece justamente o inverso. O sabor, ele nos satisfaz no ato. Os exercícios têm um prazo para produzir seus efeitos. Nós acabamos nos rendendo ao curto prazo. E ficamos doentes no longo prazo. No início -especialmente para os sedentários de carteirinha- exercitar-se é um sacrifício. Os músculos dóem, ficamos suados, "perdemos tempo", temos que pagar "para sermos torturados"... No longo prazo -para aqueles que persistem- somos premiados por todos aqueles resultados de que falei. Imediatamente sentimos o doce sabor da torta, mas com o tempo instalamos doenças que nos fazem perder nossa produtividade como pessoas.

É como cartão de crédito. Usufruimos do prazer de comprar hoje. Só vamos passar pelo desprazer de pagar, depois. Ou, ainda com exemplos de finanças: se pudermos escolher, normalmente preferimos ficar com R$ 50 hoje, em vez de, digamos, R$ 100 daqui a dois anos.

Qual o peso que o curto prazo possui nas suas atitudes? O quanto você está preparado para os efeitos -positivos ou negativos- numa perspectiva de longo prazo?