Os equipamentos estão muito evoluídos. Sim, há os "Bill Gates", mas gênios não aparecem o tempo todo. Uma máquina moderna, um software poderoso, fazem as pessoas sentirem-se prontas. Prontas para o mercado de trabalho. Prontas para a vida.
Tenho visto muitos recém-formados, inexperientes, jovens ou não, atuando de forma quase irresponsável. Em todas as atividades há equipamentos modernos, Internet, emails, Messenger, Orkut, blogs, que facilitam o trabalho, aproximam pessoas e criam sensação de poder. Sim, aquele que, todos sabemos, corrompe. E, no caso, corrompe a noção de realidade.
O resultado parece ser uma situação em que fica em segundo plano a necessidade de aprimoramento profissional. Se estamos prontos, se possuímos poder, por que precisamos fazer cursos, estagiar, aprender mais?! E há muito, muito mesmo, por aprender. Aprender de forma objetiva -cursos, leituras, treinamentos- e de forma subliminar -passar por experiências, viajar, conversar, ouvir, meditar-...
Por exemplo, todas as vezes em que estive num museu, em todo o mundo, as aulas de história da arte e da arquitetura, aulas e práticas de violão, tantas vezes fui ao teatro, ao cinema -O Cine Bijou, em São Paulo só programava fimes de arte-, quantos lugares visitei, a convivência com artistas verdadeiros (de Ricardo Almeida a Fernando Meirelles), o trânsito livre pelo popular -kitsch- e pelo sofisticado -chique-, as visões do mundo submarino, a herança artística de minha mãe, a experiência de professor de desenho em cursinho, e tantos, tantos outros registros em meu subconsciente estão refletidos em minha arquitetura, em minha produção visual, em meu senso de estética, cores, formas, combinações... Em minha disposição por aprender.
Sim, o mundo está diferente, menos romântico e muito mais ágil. Mas o processo de aprendizagem e assimilação continuam... Humanos. A tecnologia depende da criatividade humana, ao mesmo tempo em que a reprime, provocando pequena profundidade e grande mediocridade. O que estou defendendo, aqui, é a necessidade de aprimorar e valorizar o aprendizado subliminar. E, para isso, nada como o tempo.
É uma maneira de desacelerar...