Ao final da aula, ela aproximou-se de seu professor.
-Eu não tenho jeito para isso. Não tenho força!
Todos se olharam. Os comentários foram óbvios. "Imagina! Tem jeito, sim!", ou "É só se dedicar!", ou, ainda, "Você vai conseguir". Eu, arrisquei.
-Não precisa de jeito. Não precisa de força. Precisa de auto-estima. Suas frases foram destrutivas. Teu subconsciente ouve, aceita e reforça.
Ela demonstrou que não gostou do comentário. Faz sentido. Não foi um comentário agradável de se ouvir. E retrucou, com parcial razão.
-Eu sou assim. Gosto de ver a realidade, na lata. Não vou ficar floreando quando eu sei, eu percebo, que não tenho jeito e nem força! Eu não acredito nesse negócio de subconsciente!
E já foi saindo, meio apressada, meio não querendo continuar a conversa. Fui um pouco irresponsável e, de um lado concordando e, de outro, discordando, continuei.
-Eu entendo seu ponto de vista. Repetir que somos hábeis não nos fará hábeis, simplesmente. Por outro lado, acreditar que as palavras e os pensamentos podem influenciar nossa vida não é ser ingênuo. Podemos dizer -e pensar-, então, que "tenho sido desajeitada mas, agora, proponho-me a iniciar um processo de reconstruir minhas habilidades, com paciência e serenidade".
Ela parou um pouco. Pensou e fez sinal de que aceitava a argumentação. No entanto, a última palavra precisava ser dela:
-Mas não é tão fácil assim!