sábado, janeiro 31, 2009

Espaço público... Público?!


O que, afinal, lhes dá mais direito de que a outros de apropriar-se do espaço público?

-Eu preciso trabalhar, velho!

Eu também preciso. E pago impostos com dificuldade. Sim, mas esse motivo já está fora de moda. Dos flanelinhas ao camelô, está institucionalizado o "emprego informal".

Ao trabalhar com elaboração de planos diretores municipais compreendemos que a geração de ocupação e renda é uma das prioridades principalmente no interior. Veja que já não se fala "emprego e renda"... Temos, sim, que ocupar uma multidão e que eles sobrevivam e possam buscar oportunidades.

A crise mundial arrepia ambientalistas -com razão- com a possibilidade de recuperar o "desenvolvimento a qualquer custo". Da mesma forma, é assim que se justificam nas cidades verdadeiras invasões, dos mangues às praias, das ruas ao calçadão, das praças aos mirantes... E uma invasão não fiscalizada é uma invasão oficializada. E a cidade cresce como não querem seus cidadãos, contra as leis que os deveria proteger.

O Estatuto da Cidade diz que a terra e a propriedade devem cumprir sua função social e há eficientes instrumentos urbanísticos para isso. Ora, estou falando de leis? Por que apenas algumas é que devem ser cumpridas?

Uma saída? Várias. Espaços públicos para eventos, festas, feiras, comércio popular devem ser organizados, planejados e licitados, em locais estudados para que sejam atraentes. Mesmo assim, essa é uma opção imediata, pois só o desenvolvimento com sustentabilidade pode ser aceitável. Um plano estratégico voltado às vocações da cidade. É turismo? É agrícola? É industrial? E promover associativismo, incentivar cooperativas, fortalecer entidades que devem, sim, apropriar-se da responsabilidade de planejar e executar "planos estratégicos" setoriais. Se a cidade quer ser "turística", não pode permitir invasões de espaços que podem ser considerados "atrativos". A fiscalização é, nesse caso, um investimento.

Ok, estamos voltando a um assunto de que sempre falo: o espírito de coletividade. Ainda creio que é aí que reside a principal solução da crise das cidades. Como tema transversal em todas as disciplinas, em todas as séries. É mais do que "cidadania", é o exercício da convivência entre diferentes.

O espaço público é de todos. Deve ser cuidado e utilizado por todos. E não apenas pelos mais rápidos ou pelos amigos do rei.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Você já viu um velhinho gordo? (ou: Será que obesos têm amigos?)

Bem gordo? Ou uma velhinha obesa? É raro, não é?

Será que a gente emagrece quando envelhece? Será que a gente perde a fome? Não. A verdade é que obesos raramente ficam velhos. É fato. Morrem antes de ficar velhos.

Estive conversando com uma pessoa que tem uma amiga obesa. Eu disse a ela que tenho a impressão que obesos não têm amigos. Eu quero dizer amigos de verdade. Porque a obesidade não se conquista por opção e, também, não se elimina por desejar. Em meu pensamento -e experiência-, questões emocionais são as que devem ser, efetivamente, encaradas de frente e percebidas como as causadoras do excesso de peso.

- Mas ela gosta, mesmo, é de comer!
- A família é toda assim!
- Ih, já tentou emagrecer um monte de vezes!

O verdadeiro amigo, frente a um obeso, não deveria "se acostumar" com o problema. Não deveria deixar de se preocupar, se informar, buscar orientação de especialistas... E não sossegar enquanto um caminho não tiver sido escolhido. Mais: assumir algumas responsabilidades nesse caminho.

Claro, apenas se for... Amigo.

Não se trata de forçar, agredir uma natureza acomodada. Falei da escolha de um caminho. Ele pode ser longo, mas continua sendo um caminho.

Ok, sendo prático: converse com psicólogos, nutricionistas, educadores físicos, médicos. Escolha os que tenham experiência com obesidade. E que apresentem resultados. Depois, converse com sua amiga, com carinho, com respeito à dificuldade que ela enfrenta. Diga que vai estar com ela e tentar fazer diminuir o sofrimento com a obesidade e com a ansiedade de eliminá-la. Que têm todo o tempo do mundo e que o importante é escolherem, em conjunto, uma estratégia. Escolham, também, uma Nutricionista. Compreendam os gostos, as manias, os vícios alimentares e encontrem um cardápio progressivamente mais saudável, mais adequado. Vá com ela a um local onde possa praticar exercícios sem constrangimentos. Esteja com ela. Leve-a, se precisar. Nos fins-de-semana, vá com ela caminhar, ou nadar, passear com cães, caminhar na areia. Estabeleça metas, para você e para ela. Divirtam-se com isso!

Claro, apenas se for... Amigo de verdade! Só eles fariam isso...

Aí, eu perderia essa terrível sensação de que obesos não têm amigos.

domingo, janeiro 25, 2009

Educação em evidência


Recebi e aceitei convite para fazer parte do grupo de escritores do Jornal Mileto, que deve ser lançado em breve. Educação e Psicopedagogia. Parece uma proposta séria e muito bem intencionada.

Educação Física, educação socioambiental, vivência do coletivo. Meus temas se interligam e me desafiam. Ótimo. Adoro isso!

Você quer algo que nunca teve?

"Para obter algo que você nunca teve, precisa fazer algo que nunca fez".

Recebi esta frase, hoje, numa mensagem aleatória, de um primo que não vejo há muito tempo. Pus-me a pensar.

Uma das 7 Leis, que já descrevi aqui (Deepak Chopra) reforça o sentido e diz que somos responsáveis por tudo que nos acontece e que tornamo-nos resultado de nossas decisões no passado. Claro, seremos, então, o que estamos programando hoje, em nossas ações e, também, decisões.

A idéia é que para usufruirmos de algo novo, material ou não, teríamos que alterar nossa "programação".

Todos conhecem pessoas que reclamam de sua vida, sua rotina, seus amigos, seu emprego, sua conta no banco, de falta de carinho, de perspectivas... Ajude-as. Procure mostrar que o primeiro passo para receber, ou obter, o que deseja é abrir-se para a mudança, para a possibilidade de agir diferentemente do que tem agido. E, justamente, não insitir de maneira cega exatamente no mesmo "padrão de procedimento"...

Quando o resultado de uma ação é insatisfatório, devemos mudar a ação em si.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Itapebi e Mascote: 2 municípios em ascensão




Valeu o esforço!

A apenas duas audiências do fim do processo de elaboração de seus Planos Diretores Municipais, Itapebi e Mascote mostraram amadurecimento e reconhecimento da seriedade e importância deste processo participativo. Em Itapebi, a audiência do dia 21 teve presença significativa, com vereadores, vice-prefeito, secretários municipais e muita gente da comunidade. Em Mascote (fotografias acima) a audiência de hoje contou com a presença do prefeito, Ferreira, vice-prefeito, Roni, secretários municipais, Chefe de Gabinete, 5 vereadores, incluindo Vera, presidente da Câmara Municipal. Ainda há ausências importantes: Ministério Público, representantes de todos os distritos, mais pequenos produtores rurais... Mesmo assim, sem dúvida, foi um avanço! Parabéns a Silvana (Itapebi) e Laís (Mascote), incansáveis guerreiras, mobilizadoras, estagiárias locais.

Há alguns dias contei como tem sido difícil mobilizar a população e seus representantes. Contei a história de uma professora, já desanimada, de Itapebi. Ontem e hoje valeu a pena! Foi mais um passo. Mais uma conquista. Mas ainda há muitas outras, para fazer desses municípios uma referência na região, na Bahia, no Brasil.

Acho que todos ali sabem o quanto me esforço e o quanto eu gosto de estar com eles e poder ajudar, poder incentivar cada um. A todos, um grande abraço!

Plano Diretor Municipal: perguntas e respostas




MENSAGEM A PREFEITOS, VICE-PREFEITOS, SECRETÁRIOS MUNICIPAIS E VEREADORES
(fotografias: Audiência Pública em Itapebi, BA, 21/01/2009)

1. O QUE É PLANO DIRETOR?
É uma Lei encaminhada pelo executivo municipal à Câmara para que ela debata e aprove.
A Lei descreve as “Políticas Municipais” e suas “Diretrizes”, ou seja, as condições para que elas sejam aplicadas.
Por exemplo, a “Política Municipal de Desenvolvimento Econômico” pode escolher como “Diretriz” o apoio a “Programas” de formação de cooperativas e este “Programa” pode determinar “Ações” a serem coordenadas, como a articulação com entidades estaduais e federais para diagnosticar potenciais locais e preparar trabalhadores para organizarem-se em cooperativas.
O Estatuto da Cidade prevê que o processo seja “participativo” e que a função principal do Plano Diretor é “fazer com que a terra e a propriedade cumpram sua função social”.
Para isso, oferece “Instrumentos” que devem ser regulamentados na lei do Plano Diretor.

2. QUAL É A IMPORTÂNCIA DE UM PLANO DIRETOR...
a. ...PARA OS GESTORES E VEREADORES?
É a grande oportunidade de conhecer todo o território do município e o que os cidadãos pensam e esperam de seus representantes. Ao buscar atender estes anseios, o gestor e vereadores dividem a responsabilidade com a população e aproximam-se dela.
Além disso, cada vez mais a mídia e o Ministério Público exercem grande pressão sobre os políticos e seguir um plano elaborado de forma participativa pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso.
b. ...PARA A POPULAÇÃO?
É a oportunidade de marcar a posição de todos em um único documento, que deve ser seguido pelos gestores atuais e seguintes. A população sente-se participando da gestão do município e compromete-se mais com os resultados. Todos passam a ver o município como um todo e, não, a sede, distritos e fazendas, descobrindo detalhes que não conheciam. A cidade pode melhorar na medida em que o crescimento acontece de acordo com um plano elaborado por todos, incluindo gestores e técnicos.

3. O QUE É GESTÃO DEMOCRÁTICA?
É uma forma organizada de a população participar da gestão da cidade. Acontece, principalmente, através dos “Conselhos”, que devem ter sua composição igualitária (poder público e cidadãos) e incluir representantes de instituições devidamente organizadas. O Plano Diretor define quais devem ser os conselhos e como devem agir.

4. COMO UM PLANO DIRETOR PODE ALTERAR A VIDA DAS PESSOAS QUE VIVEM NO MUNICÍPIO?
O Plano Diretor define, por exemplo, onde a cidade deve adensar, por onde deve crescer, onde precisa de ações de habitação social. Ao escolher as regiões que devem receber mais moradores e outras que devem aguardar para desenvolver, o Plano Diretor afeta, até, o mercado de terras.
Da mesma maneira, pode definir o desenho de novas vias de acesso, áreas de preservação ambiental, preferência pelo desenvolvimento do turismo, e tudo isso pode melhorar bastante a vida das pessoas se as ações forem executadas a partir de um único plano.

5. QUAIS SÃO OS OBSTÁCULOS QUE VIRÃO DEPOIS?
O Plano Diretor apresenta “Diretrizes” e indica “Ações”, apresenta “Instrumentos” e forma de “Gestão Democrática”. Isso não garante nada. Se não existir interesse da população em acompanhar o processo e dos gestores em fazê-lo acontecer, haverá uma crise e um conflito no município.

6. COMO OS REPRESENTANTES DO POVO PODEM AUXILIAR NO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR?
Ajudando a elaborar um plano que contenha realmente o que o cidadão quer.
Estando presente e permitindo, apoiando, todas as manifestações das pessoas.
Estudando, conhecendo o Plano Diretor e demonstrando interesse.
Ajudando na mobilização, convidando e convocando a população a participar. Quanto mais pessoas, maior a chance de dar certo.
Evitando se posicionar com radicalismo sobre qualquer tema, o que pode inibir a participação popular.
Juntando-se ao povo e participando dos encontros sem distanciamento.
Articular com todos os vereadores, para que a proposta não seja uma novidade para a maioria deles.
Estando em contato com o coordenador dos trabalhos do Plano Diretor em seu município.

domingo, janeiro 18, 2009

Rust Never Sleeps

Fui surpreendido por esta expressão, hoje. Ingenuamente foi traduzida como "água mole em pedra dura...", como uma referência ao ditado dos insistentes. Que desperdício. Que ignorância!

Rust never sleeps. A ferrugem nunca dorme.

Além do nome de um álbum memorável, talvez o melhor, de Neil Young (1979), a expressão é simbólica. Profundamente. Pense bem.

Mais do que a água que fura a pedra de tanto bater, a ferrugem nunca dorme. Nunca desiste. Está sempre em ação, atacando o que não é usado, o que não é valorizado, o que é deixado de lado...

Nos navios há uma equipe encarregada de pintar o casco. Ininterruptamente. Por quê? Porque a ferrugem nunca dorme.

Nós dormimos. O mundo dorme. Nossa disposição pela prevenção, também.

O que pode ser a ferrugem?! Uma artrose, por exemplo. Ou placas de gordura aderindo às artérias. Ou, ainda, literalmente, as articulações tornando-se rígidas pela falta de uso. Se esta ferrugem não dorme, nós podemos dar o troco. Sim: prevenção.

Agora, neste momento, sua "ferrugem" está acordada. O que você tem feito para combatê-la? Como anda sua alimentação? Tem praticado exercícicos com regularidade e devidamente orientado? Como tem evitado o stress e a ansiedade?

Desacelerar não deve significar ceder espaço às "ferrugens" e, sim, permitir-se prevení-las.

Ansiedade

Tenho refletido muito sobre a ansiedade. Alguns alunos têm se referido a ela com mais frequência e me dispus a... Pesquisar.

Interessante: a raiz da palavra vem do grego, "anshein", que significa "estrangular, sufocar, oprimir".

Especialistas se referem a ansiedade como um estado emocional que é despertado em determinadas situações -lugares, pessoas, atividades- e que são comparadas a alguma vivência anterior -memória- Gray, 1987.

Kaplan & Sadock (1995) afirmaram que a ansiedade é um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e capacita o indivíduo a tomar medidas para enfrentar ameaças.

A ansiedade, portanto, é um acompanhamento normal do crescimento, da mudança, de experiência de algo novo e nunca tentado. Por outro lado, pode caracterizar-se pela excessiva intensidade e prolongada duração, de forma desproporcional à situação que a criou. Neste caso, ao invés de contribuir com o enfrentamento do que estaria causando a ansiedade, atrapalha, dificulta ou impossibilita a adaptação. É o que os especialistas chamam de "ansiedade patológica", que precisa de algum tratamento ou atenção especial.

De qualquer forma, parece sensato preparar-se para mudanças, aceitá-las sem instinto de controle. Além diso, reletir, buscar em fatos e situações no passado possíveis momentos que estariam provocando sintomas atuais de ansiedade. E saber que são situações totalmente anacrônicas, ou seja: estão lá no longínquo passado e continuam a influenciar sua vida. A "sua criança" reagiu de uma maneira específica. Mas como você reagiria hoje, com suas experiências vividas, com sua maturidade atual, com a estrutura que possui hoje?

O objetivo, então, pode ser a preservação da clareza ao enfrentar dificuldades, para planejar com realismo. Para localizar, dimensionar e... Neutralizar os "problemas" que causam a ansiedade. E... Desacelerar!

sábado, janeiro 17, 2009

Turismo sexual


Oportuno!
Atores populares circulavam, ontem, pelo calçadão, entre os turistas, com textos e performances sobre uma das pragas do turismo -em todo o mundo, é verdade-: o turismo sexual.
Parabéns!

Ilhéus e os turistas dos navios









Inevitável: a estátua de Jorge Amado faz sucesso. A rápida visita precisa ser registrada e fazem fila para fotografias. É uma movimentação interessante. A cidade fica, realmente, mais alegre.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Há 5 anos (2)


Algumas imagens para ativar a memória... Foi logo ali, em 2004! Assim que a primeira fase ficou pronta. A esquina estava vazia, ainda. As plantas estavam pequenas, tinham acabado de ser plantadas...

Há 5 anos (3) ...


A esquina limpa. O terreno todo sem nada. Vazio. Há 5 anos...

Há 5 anos (4) ...


As últimas caçambas de entulho, pedras e lixo estavam saindo, para deixar o terreno vazio... Os 3 coqueiros tiveram que ser retirados. Estavam cheios de cupim.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

A tecnologia confunde

Os equipamentos estão muito evoluídos. Sim, há os "Bill Gates", mas gênios não aparecem o tempo todo. Uma máquina moderna, um software poderoso, fazem as pessoas sentirem-se prontas. Prontas para o mercado de trabalho. Prontas para a vida.

Tenho visto muitos recém-formados, inexperientes, jovens ou não, atuando de forma quase irresponsável. Em todas as atividades há equipamentos modernos, Internet, emails, Messenger, Orkut, blogs, que facilitam o trabalho, aproximam pessoas e criam sensação de poder. Sim, aquele que, todos sabemos, corrompe. E, no caso, corrompe a noção de realidade.

O resultado parece ser uma situação em que fica em segundo plano a necessidade de aprimoramento profissional. Se estamos prontos, se possuímos poder, por que precisamos fazer cursos, estagiar, aprender mais?! E há muito, muito mesmo, por aprender. Aprender de forma objetiva -cursos, leituras, treinamentos- e de forma subliminar -passar por experiências, viajar, conversar, ouvir, meditar-...

Por exemplo, todas as vezes em que estive num museu, em todo o mundo, as aulas de história da arte e da arquitetura, aulas e práticas de violão, tantas vezes fui ao teatro, ao cinema -O Cine Bijou, em São Paulo só programava fimes de arte-, quantos lugares visitei, a convivência com artistas verdadeiros (de Ricardo Almeida a Fernando Meirelles), o trânsito livre pelo popular -kitsch- e pelo sofisticado -chique-, as visões do mundo submarino, a herança artística de minha mãe, a experiência de professor de desenho em cursinho, e tantos, tantos outros registros em meu subconsciente estão refletidos em minha arquitetura, em minha produção visual, em meu senso de estética, cores, formas, combinações... Em minha disposição por aprender.

Sim, o mundo está diferente, menos romântico e muito mais ágil. Mas o processo de aprendizagem e assimilação continuam... Humanos. A tecnologia depende da criatividade humana, ao mesmo tempo em que a reprime, provocando pequena profundidade e grande mediocridade. O que estou defendendo, aqui, é a necessidade de aprimorar e valorizar o aprendizado subliminar. E, para isso, nada como o tempo.

É uma maneira de desacelerar...

domingo, janeiro 11, 2009

Há 5 anos...



Naquele terreno, na esquina da Praça São João, no Pontal, em Ilhéus, não havia nada há 5 anos. Absolutamente nada, por detrás de um muro alto, repleto de pixações e cartazes antigos de campanhas políticas antigas.

Atualmente há mais de 40 pessoas que, de alguma forma, ganham seu sustento ali.

Ontem foi inaugurado mais um local de bom nível, boa comida, gente bonita. Casa de bom gosto. A Temakeria. A seu lado, já vem brilhando o Armazém Quitã, pioneiro em orgânicos e naturais de vários tipos. Dá gosto ver. É uma sensação incrível ver se materializar algo que esteve em projeto, em planos. Frase de Adrián, empresário da Temakeria, minutos antes de abrir suas portas:

- Acho que está ao nível da Tonus, não é?

Está. E essa era a idéia. Pensamos num imóvel que, ao invés de "aproveitar todo o terreno", deixaria um grande recuo, um jardim para enfeitar a rua. Materiais naturais, um ar leve e agradável. E quem está se instalando ali conseguiu captar o espírito. Parabéns!

sábado, janeiro 10, 2009

Meio Ambiente: o que realmente faz a diferença?

Publicado originalmente na revista Entre Aspas, edição 2, 12/2008.

Ótimo! Você viu o título e resolveu ler. Obrigado. Então continue e entenda porque apesar de ser bem vindo a esta leitura, ela não é, exatamente, para você... O grande desafio de quem atua na educação e comunicação socioambiental é atrair pessoas que, sistematicamente, vivem, consomem, descartam, utilizam energia , transitam, alimentam-se, reproduzem-se, sem perceber que suas atitudes interferem no ambiente e, claro, em toda a sociedade. Eles não lêm artigos sobre meio ambiente, mudam de canal quando o assunto é desmatamento e jamais estiveram em um seminário sobre sustentabilidade... Eles são muitos. Muitos, mesmo. Uma multidão. A grande maioria das pessoas. A sensação é de um passo à frente e, de repente, vários passos atrás, quando se trata de conquistas na consciência socioambiental coletiva. Essa questão envolve raízes culturais e a difícil relação entre o individual e o coletivo e, por isso mesmo, não podemos culpá-los.

Precisamos considerar a desinformação socioambiental como mais uma das desinformações que assolam nossa sociedade. Ela não é maior, por exemplo, do que a cultural, a política, a econômica... Muito mais do que suas escolhas políticas, essa multidão mantida desinformada define seus caminhos através de sua ação cotidiana. Os governos, gestores públicos e legisladores , de qualquer bandeira política, reagem às organizações sociais, principalmente as espontâneas e elaboram (ou corrigem) políticas públicas e leis na medida em que haja efetiva sensibilização social evidenciada, justamente, nas ações cotidianas. Sim, os representantes no poder deveriam ter iniciativas utilizando conhecimento científico e experiência de uma equipe técnica isenta politicamente, mas não é assim que essa estrutura tem funcionado e, além disso, não podemos simplesmente aguardar que as decisões sejam tomadas, “torcer” para que sejam eficientes e reagir apenas quando nos sentirmos prejudicados. A atitude preventiva, então, é essencial e ela acontece na... Ação cotidiana. Mas estamos falando da atitude coletiva, em bloco e, como já vimos, é ameaçada pela desinformação e reflete no que as pessoas fazem com o lixo, como cuidam das praias, como consomem energia, onde jogam seu esgoto, para falar de questões próximas. E, numa abrangência mais ampla, como se organizam para fazer com que suas áreas protegidas cumpram seus objetivos e como ajudam a estimular a criação de ocupação e renda para que populações que vivem em áreas naturais não precisem da lenha e da caça para viver, por exemplo.

O que, então, pode fazer a diferença?! Qual seria a melhor forma de cativar aquela multidão e envolvê-la num desafio comum de compreender o quanto suas atitudes podem influenciar os outros e, assim, criar um “exército de bem informados”? Como conversar com todos ao mesmo tempo e transmitir mensagens tão importantes? Como despertar um grupo tão grande para a importância dos recursos naturais mesmo para a população urbana? Como evitar que a primeira e única forma de consciência seja o sofrimento decorrente da escassez ?

A estratégia. Meios e linguagem devem ser adaptados e adequados ao público inicialmente avesso a esse conteúdo. O que eles ouvem? Em quem eles acreditam? Quem são seus ídolos? O que os motiva a parar o que estão fazendo e prestar atenção? Podemos enumerar uma série de medidas que todos devem tomar para tornar sua pegada ecológica menos destrutiva, mas o desafio está em, definitivamente, incorporar essas medidas no cotidiano de multidões.

Chega de palestras, capacitações, treinamentos... Precisamos de criatividade para mostrar a todos que o desenvolvimento social, econômico, humano, depende dos recursos naturais e precisa utilizá-los com responsabilidade; existe um limite para essa utilização e que, quanto mais próximos estivermos dele, maior o sacrifício a que estaremos expostos; mesmo aqueles que não usufruem diretamente dos rios, florestas e manguezais, como os moradores de cidades, já sentem na pele e no bolso os efeitos da falta de água e da crise social causada pela diminuição das oportunidades de renda devido à redução descontrolada de vegetação às margens dos rios e seu conseqüente assoreamento.

Teatro popular, programas de rádio, artistas e esportistas, então, podem ser canais de comunicação preciosos na comunicação com o consciente coletivo. É o merchandising socioambiental. E, mais uma vez na história da humanidade, a diferença vai estar na... Criatividade!

Faça o que quiser. Não estou nem aí!


É essa a mensagem que as pessoas passam a seus políticos. Eles? Obedecem.

Estive ontem em Itapebi e Mascote. Dois pequenos municípios no interior da Bahia. Estamos assessorando a elaboração de seus Planos Diretores, aquela lei que determina como a cidade deve funcionar, como ela deve se desenvolver. O Estatuto da Cidade, uma lei federal de 2001, diz que este processo deve ser "participativo". Temos seguido um método que convida a população e seus representantes -prefeito, vice, secretários e vereadores- a participar, em audiências e oficinas. As mais importantes já aconteceram. Ontem, a conversa era justamente com os "representantes".

Devidamente convidados, prefeitos e vices não compareceram. Estiveram lá seus Chefes de Gabinete. Em Mascote (foto), 3 secretários municipais e 4 vereadores (são 9, em ambos os municípios). Em Itapebi, 4 vereadores e 1 representante de secretário. Claro, é muito pouco, considerando a importância do tema, mesmo levando em conta eventuais dificuldades de comunicação e mobilização.

Uma professora, de Mascote, questionou com razão:

- Não adianta a gente participar das oficinas, passar um dia inteiro discutindo, se prefeito e vereadores não tiverem consciência da importância do Plano Diretor!

Ela mostrava a insatisfação com a postura dos políticos. Em geral. Sem saber, estava se referindo a um modelo de "político" que se materializa em todos os cantos deste nosso Brasil. Mas, acrescentei pimenta na conversa:

- Fora algumas exceções -aquela professora, por exemplo-, a mensagem que a sociedade envia a seus representantes, é: faça o que você quiser, não estou nem aí. Eles, simplesmente, obedecem...

Expliquei meu pensamento. Tivemos muuuuuuita dificuldade para reunir cidadãos para as oficinas e debater melhores caminhos para os municípios. Poucas pessoas, baixa representatividade. Entendo, mesmo, a descrença nas instituições. Mas um lado importante do círculo vicioso é a passividade da sociedade perante a inoperância eventual do poder público. Por quê vereadores e prefeitos vão se preocupar com algo que a própria população não dá bola? A passividade é cultural, ancestral, criada pelo clientelismo e coronelismo, quando o poder público era o grande -e único- provedor. Até hoje, a maioria das pessoas fica, apenas, esperando e torcendo para que os políticos tomem atitudes e organizem políticas públicas que funcionem... As pessoas devem e podem ser, sim, atores presentes na gestão pública.

Quebrar esse vício operacional é tarefa das atuais gerações. Para mim, expliquei, há 2 formas de comunicação com seus representantes:

A primeira é através da organização social. Sem agressividade, sem idealismo barato ou radicalismo. Planos Diretores geralmente organizam Conselhos da Cidade. Antes disso, cidadãos devem se organizar em associações de bairro, cooperativas, instituições e "conversar muito" com vereadores e prefeitos. Fazê-los, pelo menos, conhecer o que a população pensa.

A segunda forma de enviar mensagens é o voto. Escolher representantes que tenham tido atitude ou intenção declarada de conhecer e respeitar prioridades demonstradas pelas pessoas.

Senão, eles vão, simplesmente, obedecer às mensagens e... Fazer o que bem entenderem.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Mundos que se aproximam

No dia 17 de dezembro eu contei a história de um casal. Ele não queria que ela frequentasse a academia. Ela queria muito e não sabia o que fazer para que ele a apoiasse.

Para mim, isso é algo... De outro mundo, como disse naquele dia.

Mas tenho novidades. Ele esteve na academia, tomou um açaí e -ela transbordando de alegria, ao lado- quis saber preços, modalidades, horários... Marcou uma avaliação física. Ele disse:

- O bom é que também melhora a saúde, né?

Eu continuei:

- Na verdade, o bom é que a gente emagrece, fica forte, mais bonito... A saúde é que é o principal objetivo!

A saúde, eu quis dizer, não é acessório de um programa de exercícios. Ela é a essência. Ele sorriu, concordando, mas eu percebi que não tinha entendido. É cedo. Seu mundo estava se aproximando do meu.

Tenho contato com espécies de vários planetas. Parece que minha função acaba sendo alinhá-los, aproximá-los. É muito bom ver o resultado.

Ah, o casal está mais feliz, sim!

domingo, janeiro 04, 2009

Verão em Ilhéus

Eu disse, há algumas semanas:
- Vocês verão!
- Mas... E a crise?!
- Em Ilhéus tudo conspira para que seja um ótimo verão. Nada como tirar proveito das dificuldades.
- É aquela história de crise-oportunidade?
- Sim. É só juntar os fatos.
E descrevi o quebra-cabeças.
- Problemas com o aeroporto? Fica mais difícil para as pessoas daqui saírem. Ou pelo menos pensam duas vezes antes de programar viagens aéreas. Ficam na cidade e... Consomem aqui.
- É, mas e a crise mundial?
- Com a desvalorização do real, brasileiros viajam pelo Brasil.
- Ei, e os estrangeiros vêm, porque para eles tudo fica mais barato...
Já estavam entendendo...
- E mais. Ilhéus é um polo de atração: Itabuna, Vitória da Conquista, Feira de Santana, Teixeira de Freitas, Brasília, Minas Gerais... Para os que acham Salvador grande demais.
- Mas o Brasil é grande. Por que viriam mais turistas para cá?
- É uma região privilegiada. É Bahia. Isso já poderia ser suficiente. Mas Ilhéus é um destino possível para quem viaja de carro desde Minas Gerais, Brasília, Espírito Santo e, até, Rio de Janeiro e São Paulo.
Lembrei outros fatos.
- Santa Catarina atrai muita gente no verão.
- Não neste, né? Alagou tudo...
- Exatamente.
- E, bem ou mal, temos uma nova ponte, as ruas não estão cheias de lixo e urubus, há novas opções de restaurantes e bares, a feira da Soares Lopes, o Parque de Diversões, os navios...
- Tá vendo?

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Tendência 4: população envelhece



A quarta tendência para a nova década - partir de 2010- apontada pela revista IstoÉ baseia-se num fato inegável: a pirâmide etária do Brasil está em transformação. Menos jovens e mais adultos. Veja a figura. À esquerda, homens e, à direita, mulheres. Ao longo do tempo, proporcionalmente, as faixas de pessoas mais novas estão encolhendo e as de pessoas com mais idade, alargando-se. Isto já significa que, graças inclusive ao acesso à informação pelas camadas mais humildes da população, as famílias estão menos numerosas, menos crianças estão nascendo.

As oportunidades, então, adaptam-se: a arquitetura estuda a acessibilidade (calçadas e construções devem facilitar o acesso a cadeiras de rodas, por exemplo), serviços de saúde preparam-se, empresas de hospedagem já oferecem espaços especiais para pessoas com mais idade, que não querem ficar em casa lendo ou fazendo tricô. O idoso quer uma vida mais agradável, mais ativa e mais saudável. E os profissionais devem estar atualizados para compreender essa novíssima realidade.