Acompanho postagens de todas as cores e intenções, do besteirol à religião, de inadequadas propagandas-reclames a fotografias curiosas, de artistas, cantores, fotógrafos. Há "mobilização" virtual por tombamentos de patrimônios históricos, contra usinas, ferrovias, ministros, fobias e, sim, pelo voto distrital. O que faz pessoas clicarem aqui e, não, ali? Curtem este e desprezam aquele. Comentam, compartilham, encaminham segundo um critério, digamos, pessoalíssimo e ainda não decifrado pelos cientistas da comunicação ou da psico-sociologia.
Mas mobilizar é muito, muito mais, do que provocar um clique. Assim fosse, em três ou quatro cliques poderíamos combater Kadafi, impedir Belo Monte, salvar golfinhos e... Mudar o sistema eleitoral brasileiro. O que, afinal, é capaz de mover, não apenas a consciência, mas os corpos, pernas, mãos -dedos não valem, pois voltaríamos ao clique-? O que seria brilhante o suficiente para atrair olhares para assuntos áridos como política? E por que clicam e ficam imóveis, entocados, passivos?
Por que, então, é tão difícil mobilizar pessoas?
Além da minha empreitada -virtual, também, eu confesso- pelo Voto Distrital, estou empenhado na criação de uma associação de empresários e moradores de um bairro. Imagine uma região amada por seus moradores, mas também, machucada, desprezada, ignorada por moradores e seus representantes: legislativo e executivo municipais, ou seja, vereadores, prefeito e secretários. Meu tempo é curto, mas encontro disposição para participar de reuniões e preparar textos, logomarcas, estratégias e eventos. De, talvez, vinte pessoas que já circularam pelas quatro reuniões que já aconteceram, apenas três estão ativas, ocupadas e preocupadas. Onde estariam as outras? Onde estariam aquelas que, ao saber do movimento, disseram apoiar e participar? Alguém tem dúvida de que um dos únicos caminhos para melhorar a vida é associar-se a outros e "ter propostas"? Sim, todos acham uma ótima ideia. Ninguém participa...
Por que, então, é tão difícil mobilizar pessoas?
Para mim, a resposta é simples, mas chega, também, como uma pergunta: Por que eu deveria fazer algo para que todos usufruam do resultado?
É difícil porque poucos estão acostumados com o compartilhamento de responsabilidades. Herdamos o paternalismo, que resistiu ao colonialismo, monarquia, velha república, ditadura, nova república, guerras, crises e continuamos aguardando que um "Grande Pai" apareça e resolva tudo por nós. Nem nos preparamos para algo diferente, não sabemos como agir em reuniões de condomínio, de família, na empresa, no clube... Torcemos para que apareça um "líder" -bobo, inocente, ingênuo...- e assuma todas as ações. Assim, podemos, apenas criticar, zombar, ironizar, destruir. Ora, se não vou à reunião do condomínio, que autoridade terei para criticar?!
Ok, soluções... Da mesma forma que critico a "educação ambiental" que foca em plantios de mudas, mutirões de limpeza de praias, palestras e programas de coleta seletiva, proponho, também, para viabilizar o associativismo, programas básicos da mais pura conscientização de cidadania, do espírito coletivo, da valorização do espaço comum. E isto só se faz com crianças. Esqueça as "gerações perdidas"...
Continuo tentando...
Ah, procure saber mais sobre o Voto distrital. E veja se há grupos de moradores e empresários no seu bairro precisando de braços e cérebros!
"There is no limit to what can be accomplished if it doesn't matter who gets the credit"
Não há limites para o que pode ser realizado se não importa quem ganha os créditos.
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