O projeto do novo aeroporto foi apresentado em audiência-oficina, nestas quinta e sexta-feiras, das 8:00 às 17:00, no Centro de Convenções. A ideia, também, era preparar o Termo de Referência para elaboração do Estudo de Impactos Ambientais.
Há muito tempo tenho uma posição sobre eventos desse tipo e sua organização. Desde minha atuação como conselheiro do Instituto Serra do Japi e como vice-presidente da ProEmpi -associação de engenheiros e arquitetos-, em Jundiaí, passando pela gerência executiva do Instituto de Ecoturismo da Costa do Cacau, pela coordenação do Plano Diretor e do Projeto Orla, em Ilhéus, como conselheiro e, depois, gestor da APA da Lagoa Encantada e Rio Almada e, também, como consultor para elaboração de Planos Diretores de 8 municípios baianos. Participei de centenas de eventos como o desta semana em Ilhéus. Em vários, fui o organizador e principal responsável. Foram atividades, assim como a audiência sobre o aeroporto, em que há presença de representantes do poder público, da "sociedade civil organizada" e, claro, cidadãos comuns.
Soube que o evento desta semana começou com bom público e acabou se esvaziando, justamente na hora em que a participação era vital. É sempre assim.
Funcionários públicos são remunerados e estavam lá cumprindo sua agenda e sua responsabilidade inata dos cargos. Trabalhadores, empresários, profissionais liberais, não. Destes, os que são capazes, com boa formação, com experiência, estão ocupados. Ocupadíssimos. Por mais que desejarem dispor de dois dias para "servir a coletividade" -e é assim que se chama essa doação de tempo-, será, realmente, um sacrifício. Mesmo que representem uma associação, um sindicato, uma ONG... Há despesas envolvidas. Há perdas. O agricultor não colherá ou não venderá. O arquiteto não visitará obras ou atrasará projetos. O trabalhador faltará e será penalizado. O empresário não estará em sua empresa... Por outro lado, os que têm tempo, em sua maioria, são os que estão em ritmo reduzido, que aposentaram, que estão sem emprego ou sem clientes -ou poucos-. Sem querer ofendê-los (até porque sempre há exceções), os que podem dispor de dois dias inteiros parecem ser aqueles que são menos solicitados profissionalmente. Justamente aqueles cuja contribuição, embora importante, menos contribuirá efetivamente para o sucesso do evento.
Eu queria participar. Adoro esses debates e o jogo saudável de interesses. Mas não quis desagradar organizadores, colegas e participantes e sair antes do final. Não quis que considerassem falta de interesse minha ausência em horários em que eu não poderia, mesmo, estar lá. Não quis estar apenas na abertura, como se o interesse fosse mostrar-me e aparecer nas fotos.
O resultado é que eventos assim ficam entregues ao poder público: municipal, estadual e federal. Prefeitura, estado -secretarias, universidade e demais órgãos-, Infraero... Alguns bravos -em ambos os sentidos- cidadãos "comuns" acabam resistindo até o final. Pode ser a hora de iniciar um debate e estudos para aperfeiçoar esta medodologia de participação popular... Eu tenho propostas, mas sou apenas, hoje -por enquanto, ex-alguma coisa...
De qualquer forma, agradecendo e homenageando meu amigo José Nazal, do blog Catucadas, publico aqui duas fotografias de sua autoria com o polígono da área onde deve ser construído o aeroporto, desenhado sem escala e o projeto completo do empreendimento.
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