Artigo a ser publicado na edição 2 do Jornal Mileto
Em pesquisa realizada pela BBC de Londres, a bicicleta foi considerada a melhor invenção dos últimos 200 anos. Ficou à frente do computador e da Internet.
Em uma das páginas do famoso Atlanticus Codex, de Leonardo da Vinci, há relatos de um projeto de um aparato semelhante a uma bicicleta, com transmissão por corrente e roda dentada, de 1490. O Barão Von Drais inventou, em 1817, uma máquina para ajudá-lo a locomover-se através dos jardins reais. Toda de madeira, apresentava duas rodas em linha e o impulso era gerado pelos pés no chão. Apenas em 1870 surgiu a primeira máquina em metal, a High Weel Bicycle (bicicleta de roda alta, veja na ilustração), com pedais presos à roda frontal e pneus de borracha maciça. Foi a primeira a ser chamada de “bicicleta”. No período pós-guerra, nos anos que se seguiram a 1945, a bicicleta, bastante semelhante àquela que hoje conhecemos, popularizou-se em todo o mundo, que observava a reconstrução física e econômica dos países recém saídos do conflito. Foi neste contexto que as bicicletas chegaram ao Brasil e os operários das indústrias paulistas as utilizaram para seus deslocamentos. Em 1948 duas indústrias estabeleceram-se no Brasil, a Caloi e a Monark. Apesar do grande crescimento deste mercado, já na década de 1950 as bicicletas perderam espaço. Foram anos de mudanças de hábitos: eletrodomésticos, televisão e... Automóveis com gasolina barata e abundante.
Com isso, o Brasil perdeu outra oportunidade de consolidar uma cultura envolvendo mobilidade de seus cidadãos que poderia ser responsável por reflexos altamente positivos na qualidade de vida nas cidades nos dias atuais. Sim, a outra teria sido a incorporação prioritária do transporte ferroviário para carga e passageiros...
Apesar dos inúmeros exemplos, em todo o mundo, de políticas de sucesso envolvendo bicicletas, cidades e cidadãos, no Brasil ela é praticamente considerada, ainda, um brinquedo. Poucos levam a sério a idéia de usar bicicletas como meio de transporte regular. Washington Luis governou “abrindo estradas” e, assim, na encruzilhada da história, definiu o destino de milhões de pessoas. A partir daquela política, na década de 1920, o automóvel foi se transformando em ícone de status, ascensão social, sedução e falsa auto-estima do brasileiro.
As cidades cresceram expulsando o cidadão e cultuando o automóvel. Grandes estacionamentos em lugar de parques arborizados. Sistemas de transporte coletivo precários ao invés de total e eficiente conexão entre trens e ônibus. Redes viárias complexas, longas, com cruzamentos excessivos, vias estreitas, passeios espremidos e invadidos, quando poderia ter havido profundo planejamento de trajetos, distribuição espacial, riscos... As cidades perderam-se no tempo e apenas cirurgias delicadas poderão iniciar o processo de reabilitação.
(continua...)
Concordo plenamente com você, porém, cabe a nos cobrarmos a implantação de ciclovias, pois se depender do Poder Público vai demorar bastante. Att,Natallie,Anápolis-Goiás.
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