Falamos há dias do grande acaso que seria a Terra e a própria vida nela contida. Citamos o livro de Marcelo Gleiser e como ele descreve a trajetória da existência do universo, desde o Big Bang. Após bilhões de anos, estaríamos aqui por mera combinação de acontecimentos que envolvem magnetismo (força de atração entre corpos celestes) e marés, faíscas elétricas e reações químicas, temperaturas e substâncias...
É impossível deixar de relacionar este ponto de vista com uma cena antológica contida, disfarçada de "acidental" -ao contrário, é o ponto alto-, do filme O Curioso Caso de Benjamin Button. Na cena, ele descreve como uma sucessão de eventos totalmente aleatórios pode resultar, no caso, em um atropelamento. Alguns minutos, segundos, até, que um taxista atrasasse ou adiantasse evitaria o encontro fatal. E o filme mostra as duas possibilidades com incrível maestria. Dispensa legendas. Veja com atenção. Um homem que quase é atropelado por ter perdido o horário, poderia ter acordado na hora. A moça esqueceu o casaco e, ao voltar, atende um telefonema que não teria atendido. Um caminhão manobra à frente do taxi e o faz esperar mais alguns segundos. Enquanto tudo isso -e mais alguns outros fatos- acontece, Daisy ensaia, prepara-se para sair, atrasa-se ao esperar uma colega... O universo prepara o grand final. Na primeira passagem, mostra o taxi passando ao lado da bailarina. É o que não teria acontecido. Mas a realidade é mais cruel e podemos ver depois a cena que levou Daisy ao hospital.
O tempo não para e não volta.
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