Os livros "Pequenos Milagres" e "Pequenos Milagres II", de Yitta Halberstam e Judith Leventhal, parecem, à primeira vista típicos textos americanóides. Relatam histórias de incríveis coincidências que alteraram rumos de muitas vidas.
Além dos inevitáveis "perdeu o avião e houve um terrível acidente", há citações das quais podemos aproveitar muito mais do que imaginamos. A que mais me impressionou foi a história de uma pessoa com música em alto volume nos fones de ouvidos, ao aproximar-se para atravessar uma rua segurando uma criança em uma mão e um jornal na outra, lendo e distraída. Na outra calçada, algumas pessoas acenavam e gritavam em vão. Um grande caminhão em velocidade aproximava-se e seria atropelamento certo. Ela não ouviu. Naquela cidade raramente ventava e, exatamente naquele momento, uma lufada de ar formou-se, quase levando o jornal que ela estava lendo. Ela teria resmungado, esbravejado, e, voltando-se de costas para a rua, pôs-se a recolher as páginas que teriam voado. O caminhão passou e ela nem percebeu. Um risco altíssimo, um acidente certo, teria sido evitado por um pouco de vento na hora certa, no lugar certo.
Verdadeira ou não esta história, pode nos ensinar algo. Quantas "lufadas" podem ter nos salvado de situações de risco? Quantas vezes injetamos adrenalina -e outras substâncias- em nosso sangue por não aceitar acontecimentos que -quem sabe?- poderiam nos conduzir a melhores caminhos? Praticar a aceitação é "lei" em praticamente todas as religiões. Está presente em livros de auto-ajuda e, principalmente, nas orientações maternas. E, cá entre nós, alguém sabe mais da vida -da nossa vida, em especial- do que nossas mães?
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